Monday, November 17, 2008

Sonho s.m.: Personificação paradisíaca do nada.

Seu destino no meu controle,
e que canalha me torno eu.
Te tomar, me alimentar, te beber dormindo,
te almoçar às quatro da tarde de domingo,
esquecer o sono de tarde da noite,
ignorar o Flamengo e o Fantástico.

Meus lábios passeando por aí,
avançando novos caminhos.
Meus dedos te beijando onde
olhos alheios até já deitaram,
mas nunca sequer chegaram
a um palmo de ouvir.

A noite virá a ruir,
e no limbo,
esse sonho deixará de existir.

Egoísta, te mantenho anônima.

Saturday, August 23, 2008

Mais Arte (Ficção)

Enconstados de soslaio numa parede, estamos sozinhos em meio a uma multidão que vai e vem. Não sei como a conversa começa. Você me pergunta sobre algo marcante em você, como se fosse um defeito. Pergunto, ironicamente, se queres sinceridade.

"Sim, ceridade".

Seus olhos me olham no olho. Meus olhos te olham na boca. Ela forma sons que ecoam palavras sobre coisas da vida, do seu dia-a-dia, na sua noite-a-noite. Eu não pergunto nada, apenas comento suas afirmações. Noto nossas afinidades, comento elas também.

Pequenas aflições você me confidencia. Dessas aflições, eu compartilho. Cada um na sua maneira, claro. Seus dias não querem terminar, minhas noites também não. Precisamos relaxar. Cada um na sua maneira, claro.

Mas o que você me perguntou, querida, não é defeito. Já pequei pelo excesso, hoje peco pela ausência. Vice-versa, é o seu caso. Precisamos de equilíbrio, precisamos nos equilibrar. Um pouco de você em mim, um pouco de mim em você. Seria perfeito. Mas o mundo não é perfeito.

Uma das pessoas que vai e vem nos interrompe: ela precisa mais de você do que você precisa dos meus olhos/ouvidos. Você tem que ir. E vai.

O que você precisa, querida, é mais arte na sua vida.

Monday, February 18, 2008

Inacabado (com um melhor acabamento) - Ficção

Uma cerveja eu conseguiria em qualquer lugar, até num supermercado.
Mas fui no Bar. Local público, cheguei e fui entrando.
Estava mais vazio que de costume. Aliás, eu era o único freguês... não sei dizer se outras pessoas sequer beberam lá.
A lourinha esfregava no chão a ponta de um rodo coberto com um pano encardido. Bonitinha até, não sei se era a mesma da última vez. Depois de tanto tempo, talvez não fosse. Mas ela me chamou pelo nome:
"-[Meu nome]!!! Você, aqui?!? Quanto tempo!!!" - era um clichê, obviamente. Talvez tivesse treinado com seu chefe, o dono do bar, essa recepção calorosa.
Sentei no banquinho alto, rente ao bar, e pedi uma cerveja. Ela me olhava e eu fingia que não via, fitando o balcão. Queria fugir de um possível pedido "me leve pra casa", principalmente porque eu não tinha carro. Mas não era nada disso. A lourinha me passou um papelzinho dobrado no meio, talvez rasgado de um caderno:
"-É seu?"
Não era meu.
Meu silêncio deve ter dito para ela soltar o papel no bar, já que foi o que fez.
O bilhete estava escrito com a minha letra. Uma sequencia de números. Oito números: um telefone, eu acho. Uma sequência de letras: um nome, tenho certeza. O papel não era meu, não lembrava de ter escrito aquilo. Mas a letra era. A curiosidade valia uma ficha telefônica.
Liguei e, ao ser atendido do outro lado, perguntei pelo nome anotado em cima do número. Engraçado: homônimo da minha ex-namorada. Um palíndromo de três letras, cheias de graça. A resposta não teve graça alguma:
"-Ela não quer falar com você."
Desliguei e deixei pra lá. Voltei para o bar atrás de outra cerveja, dobrei o papel novamente e joguei de volta no balcão.
"-Porque aquele bilhete tem minha letra?"
Encarei o papel dobrado durante alguns goles.
Peguei-o novamente. Outra anotação agora estava ali. Outro telefone, outro nome. E a mesma letra. A minha.
Primeiro uma ex-namorada, agora, um ex-amigo. Assuntos inacabados. Aquele pedaço de papel branco com finas linhas azuis, arrancado de um caderno qualquer de segunda, queria me dizer algo.
Liguei para o ex-amigo. Ele também não queria falar comigo. Dobrei o papel novamente. Era hora da terceira cerveja.
O que minha letra me diria agora, se eu voltasse a desdobrar aquele papel jogado no balcão?




PS.1 - Reescrevi, com o intuito (claro) de ficar (e terminar) melhor. O fim ainda está por vir, não se afobe :D . O tempo tá curto, mas prometo terminar. Obrigado pela leitura.
P.S. 2 - Se quiser comparar, o primeiro está 2 posts abaixo. Abraços.
P.S.3 - Quando alguém começa a se reciclar é porque o negócio não tá bom, hein? auheuheuhea
mas né nada disso não... eu só quis melhorar um pouquinho o texto que nem reescrito eu tinha...
valeu seu tempo. Nos vemos no fim dessa saga :Z .